A resposta a esta pergunta, segundo os autores deste artigo de revisão, é “nem por isso”. Está relançada a controvérsia e discussão em torno deste tema.
Quais os principais resultados do artigo?
- Risco Relativo vs Risco Absoluto – a apresentação das estimativas na forma de risco relativo, que aumenta o efeito aparente das estatinas relativamente a outros formatos numéricos;
- Prevenção primária – os estudos sobre a prevenção primária com estatinas não conseguiram demonstrar a diminuição da mortalidade com estes fármacos;
- Prevenção secundária – a diminuição do risco absoluto de mortalidade por doença cardiovascular (DCV) com estes fármacos mostrou-se ser reduzida, raramente excedendo 2 pontos percentuais;
- Efeitos adversos – a taxa dos efeitos adversos associados ao tratamento com estatinas é desproporcionadamente subestimada, estando descritos, entre outros, o aparecimento de diabetes e neoplasias.
Os autores continuam dando ênfase a medidas como a cessação tabágica e o controlo da obesidade para a prevenção da DCV.
A Medicina vive actualmente imbuída em várias fontes de incerteza. Para além da ambiguidade sobre a força das provas científicas disponíveis e sua complexidade, os médicos de família lidam também com o significado pessoal dessa informação para cada doente, com quem estabelecem um contato próximo. A prescrição de estatinas na prevenção primária e secundária de DCV é um dos exemplos de incerteza com que lidamos diariamente.
Sabemos que o mundo moderno depende da ciência, mas até onde podemos confiar na transparência da literatura científica?
Relembramos estes dados do site www.thennt.com:
Statin Drugs Given for 5 Years for Heart Disease Prevention (Without Known Heart Disease)
Benefits in NNT
- None were helped (life saved)
- 1 in 104 were helped (preventing heart attack)
- 1 in 154 were helped (preventing stroke)
Harms in NNH
- 1 in 50 were harmed (develop diabetes)
- 1 in 10 were harmed (muscle damage)
Queremos saber a vossa opinião!
É um ponto de vista interessante, a diferente apresentação estatística dos mesmos dados, mas não chega para colocar as estáticas de lado…
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Obrigada Nelson! De facto, precisamos de uma maior clareza nas estatísticas em Medicina… Que te parece a resolução do desafio clínico do NEJM?
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